sábado, 13 de março de 2010

Resenha: A Cadeira do Dentista e Outras Crônicas


A Cadeira do Dentista e Outras Crônicas

O livro “A cadeira do dentista e outras crônicas”, da coleção “Para gostar de Ler 15”, publicado pela editora Ática, no ano de 1994, é uma seleção de crônicas produzidas por Carlos Eduardo Novaes. O livro possui 123 páginas e é composto por 25 crônicas escolhidas e selecionadas pelo autor.
Com uma linguagem coloquial, clara e objetiva, Carlos Eduardo aborda temas simples, corriqueiros, mas com muito humor, fazendo com que se tornem interessantes e engraçados. Carlos, trazendo sempre o colorido marcante de seu humor inteligente e crítico, muitas vezes de uma sutileza molestante, começa o livro comparando as crônicas com laranjas, uma vez que são fáceis de cultivar e possuem as vitaminas necessárias para a formação de leitores. O autor busca seus temas no próprio cotidiano, em problemas comuns, assuntos corriqueiros.
As crônicas retratam meninos que se tornaram adultos antes do tempo, dificuldades dos jovens em lidar com o mundo adulto, confusão que uma senhora arruma em uma loja de artigos masculinos, crise conjugal, dentre outros temas. Tudo é descrito pelo cronista com muita sensibilidade e humor, ingredientes fundamentais para garantir que as tais laranjas, como ele disse, sejam saborosas. O livro, classificado como infanto-juvenil, retrata, em síntese, flagrantes divertidos do dia-a-dia, evidenciando, também, a violência urbana, a burocracia brasileira e a vida em família.
Em se tratando dos textos, eles são nacionais. Pode-se ilustrar a afirmação através dos exemplos: na crônica “A informação veste hoje o homem de amanhã” (página 45), Carlos comenta que “muita criancinha anda lendo a Playboy”. Outro exemplo é na crônica “O rei de Noveorqui”, página 56, em que o assunto se passa nas férias do Rio de Janeiro.
Outra característica presente no livro é que os temas são todos atemporais. Um exemplo disso é a crônica “A regreção da redassão”, página 66, em que até o título já possui uma ironia. Esta crônica retrata como que a escrita no Brasil vai de mal a pior. Fala que o estudante brasileiro não sabe escrever, não têm o hábito de leitura, têm preguiça de pensar etc. Carlos Eduardo Novaes brinca a todo o tempo com o leitor de uma forma dinâmica, mas de modo a passar uma lição de moral para quem está lendo. No fim da crônica, ele solta a frase: “A palavra escrever ganhará uma nova grafia: ex-crever”. Entretanto, apesar de o livro ter sido escrito há mais tempo, o que se pode observar é que ainda em 2009 é um assunto atual – a falta de leitura, que acaba implicando na escrita.
Carlos Eduardo Novaes, em seus textos, busca uma aproximação muito grande com o leitor. Em suas crônicas dialoga com ele, apresenta crônicas mais subjetivas, quase sempre escritas na primeira pessoa do singular. Ele não se limita a contar o causo, faz com que o leitor se sinta presente na história, faz com que o leitor sinta o que ele está sentindo, conversa com ele. Podemos exemplificar com a crônica “Férias no Rio” (página 90) em que o autor conversa com o leitor, dizendo “só podemos esperar que você, turista estrangeiro, tenha as melhores férias da sua vida”. Outro exemplo que mostra a proximidade e intimidade do cronista perante os leitores é ilustrado na crônica “Concerto em sol menor”, na página 110, onde o autor diz as seguintes palavras: “Perdoem-me o atraso, mas num oásis de tranqüilidade onde nada acontece, não posso deixar o assunto escapar assim...”.
Na maioria das crônicas de Carlos Eduardo, o protagonista principal é ele mesmo ou, quando isso não ocorre, quem ocupa o papel principal são os conhecidos ou familiares do mesmo. Um exemplo em que o próprio cronista é o personagem principal pode ser tirado da página 82, na crônica “Meu primeiro assalto”. O autor começa o texto na primeira pessoa, dizendo “Eu sabia que mais cedo ou mais tarde chegaria a minha vez”. Pode-se também, tirar um exemplo em que os parentes do autor são os próprios protagonistas. Na crônica “Titia em apuros” é o que ocorre. Sua tia é a protagonista. A crônica já começa falando isso para o leitor com as palavras: “Minha tia Valda...”.
O intuito do escritor é divertir o leitor e fazer com que, quem não goste de ler, descubra o prazer que um livro pode proporcionar. A partir do título “A cadeira do dentista e outras crônicas” e da ilustração da capa, na qual aparece uma cadeira com um dentista de pé, esfregando as mãos de maneira a amedrontar o paciente, já se pode perceber que esse é um livro que trata de histórias engraçadas e que não tem intenção de provocar, mas, sim, de causar, principalmente, o riso.
A maioria das crônicas é escrita como forma de entretenimento, para divertir, realmente, o leitor. Todavia, algumas crônicas como, por exemplo, “A regreção da redassão” (página 66), tem como objetivo chocar o leitor, mostrar a ele a situação em que nos encontramos, como a falta de leitura pode causar grande empecilho na nossa escrita. Mas, mesmo assim, as crônicas são predominantemente engraçadas, como, por exemplo, a principal: “A cadeira do dentista” (página 48), em que o autor nos diverte com o medo do paciente em ir tratar dos dentes.
O livro “A cadeira do dentista e outras crônicas” tem proximidade com o texto literário na medida em que apresenta uma dimensão estética e intenso dinamismo, que possibilita a criação de novas relações de sentido, com predomínio da função poética da linguagem. O livro apresenta um espaço de reflexão sobre a realidade, envolvendo um processo de recriação dessa realidade. Muitas crônicas neste livro nos levam a uma reflexão. Um exemplo disso é a crônica “A falta de senso do censo”, na página 51, em que o autor comenta que os recenseadores deixaram de lado os menores que residiam em domicílio ignorado. O que não foi uma medida de bom senso.
Refere-se, também, ao gênero dramático, uma vez que trata dos conflitos humanos. Isso está bem presente no livro todo, como, por exemplo, na crônica “A informação veste hoje o homem de amanhã” (página 45). O cronista destaca a precocidade do mundo de hoje, como as crianças têm perdido a infância, como elas estão sobrecarregadas com os problemas dos adultos, como estão ficando adolescentes antes do tempo certo, como antigamente. O livro comenta os problemas que todos nós, seres humanos, temos.
Prevalecem na obra do autor as crônicas narrativas, já que narram fatos do dia-a-dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. As narrativas de Carlos Eduardo mesclam, também, o sarcasmo e a ironia. Podemos exemplificar uma narrativa do cronista que apresenta esta mistura na crônica: “Ser filho é padecer no purgatório” (página 95). Nela, só pelo título, já podemos perceber a sutileza do humor e a ironia na escolha do título.
Carlos Eduardo Novaes consegue, sem dúvidas, captar a atenção do leitor, através de contos que parecem ser simples, mas que, na verdade, vêm embutidos de uma riqueza de detalhes e percepções da vida humana. Nesse livro, o autor atingiu seu auge. As histórias são simples, porém são enriquecidas por comentários com uma pitada de humor e ironia, conseguindo divertir e, ao mesmo tempo, prender o leitor para que as leia. Apesar do nome do título ser apenas uma das crônicas, todas elas são excelentes, todas carregam um humor e fazem com que não queiramos mais parar de ler o livro.

4 comentários:

  1. mais como chama o personagem da história ?

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  2. Nao tem personagem principal,são varias cronicas e varios personagens.

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  3. que resumo legal , espero que tenham mais pessoas assim no Brasil em que vivemos , que gostam de ler livros e depois fazer um resumo tão bonito .

    Não sou parente ou conhecido da dona deste blog , mas qualquer um poderia saber , só de ler este texto , que ela tem uma gande capacidade de entender o conteúdo dos livros e literaturas.

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  4. O texto é muito longo dá vontade de não ler

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